28 outubro 2011

Da dificuldade

Não gosto de impressoras. É verdade que dão muito jeito, não nego, mas quando nos querem lixar a vida, facilmente o conseguem. Basta eu aproximar-me de qualquer impressora que ela deixa de funcionar. Sem motivo aparente, sem eu fazer nada, e sendo o problema nem sempre fácil de detectar. Eu acho que todas a impressoras do mundo têm um qualquer sistema que lhes permite saber se sou eu o utilizador que está a mandar imprimir coisas. E quando sabem disso, bloqueiam. Sempre. Todas as impressoras do mundo, mesmo que nunca tenham tido contacto prévio comigo. Uma vez, na faculdade, fui ao Departamento de Anglo-Americanos para imprimir um trabalho. Nunca tinha visto aquela impressora sequer. Lá me deram a password da impressora, comecei a imprimir, tudo normal, mas mal a funcionária se ausentou da sala, eis que a impressora encrava, sem eu fazer nada. A única explicação possível é que a impressora detectou que era eu e, assim que ficou sozinha comigo, sem testemunhas, decidiu parar, cumprindo assim a sua missão de 'transtornar a Maat'. Eu creio que esta missão é transmitida a todas as impressoras do mundo, na fábrica, no momento da sua montagem: 'Não vais deixar a Maat imprimir nada. Lembra-te disto, é a tua missão de vida!'. E assim se explicam todos os meus problemas de impressão.

27 outubro 2011

Da organização

Não gosto de fazer índices no Word. Se for um índice fácil, só com nível 1, não há grande dificuldade, em princípio, se tivermos definido bem os itens. Mas se forem aqueles com muitos níveis, fica sempre tudo mal e depois é preciso arranjar tudo manualmente e aquilo desformata e é o cabo dos trabalhos. E depois quero pôr o texto com outra cor ou com outro tamanho de letra e ando ali horas tentar pôr tudo minimamente decente. É azelhice minha, eu sei, mas (quase) nunca consigo fazer os índices à primeira.

26 outubro 2011

Do conforto

Não gosto de lençóis polares. Acho que toda a gente sabe o que são, certo? Aquilo tresanda a sintético por todo o lado. Até acredito que sejam mais quentes, mas o contacto com a pele não é nada agradável. Prefiro mil vezes os lençóis de flanela, a oitava maravilha do mundo no que toca ao conforto. Quentes, fofinhos e de puro algodão (não sei se são, mas gosto de pensar que sim).

25 outubro 2011

Da precaução

Não gosto dos caos que fica em todo o lado quando chove. Eu até gosto de chuva, mas torna-se praticamente impossível conseguir fazer uma viagem decente. Por onde quer que se vá, há carros parados, em filas, durante horas. Não dá para chegar a lado nenhum a tempo, porque uma pessoa até sai com a antecedência necessária e já a contar com mais alguma demora, mas depois tudo é pior que as piores expectativas. Eu ainda tento fugir ao trânsito, mas todos os caminhos estão bloqueados. Eu sei que com piso molhado é mais fácil haver acidentes, mas, pessoas, por favor tenham cuidado a conduzir. Porque prejudicam toda gente: a vós, porque estragam os vossos carros, e possivelmente os dos outros, e porque acabam por transtornar a vida de centenas ou milhares de pessoas. Mais vale andar devagar e chegar ao destino sem mossas, não é? Cuidado nas curvas, mantenham a distância de segurança e não confiem cegamente no vosso carro, ainda que seja um super carro topo de gama. As máquinas falham, por isso estão tão sujeitos a ter um acidente como o vosso vizinho que tem um Renault 5 com 32 anos. Eu também não estou livre de ter um, é verdade, mas com chuva tenho cuidado triplicado. Vamos todos ter mais cuidado, nem que seja para as outras pessoas não nos rogarem pragas por chegarem atrasadas ao trabalho por nossa causa.

24 outubro 2011

Da poluição

Não gosto do fumo dos escapes. Ando obcecada com isso há uns tempos. É óbvio que ninguém gosta, acho eu, mas esse cheiro anda a incomodar-me mesmo nos últimos tempos. Basta um carro parar à minha frente, que sinto logo o fumo a entrar pelo meu carro dentro e pelos meus pulmões. Por isso, quando estou em filas, fecho sempre os vidros do carro, para não entrar tanta poluição. E lembro-me sempre dos filmes, quando as pessoas se suicidam com o carro ligado dentro da garagem, por inalação de monóxido de carbono, e penso que nunca teria coragem de me matar assim. Deve ser uma maneira mesmo triste de morrer.

21 outubro 2011

Da dissimulação

Não gosto de carros que estão à venda e as pessoas escrevem cartazes com coisas parvas tipo 'trata'. Mas trata de quê? De cortar a relva, de montar estantes, de papelada para legalização de imigrantes ilegais? Isto é só ridículo. Por algum motivo que desconheço, gerou-se a ideia nas pessoas que é proibido ter um cartaz no carro que diga 'vende-se', mas se disser qualquer outra coisa que não inclua a palavra 'vende-se' já é legal. Errado, é tudo ilegal. Qualquer carro que esteja estacionado está probido de ter qualquer cartaz que indique que o carro se destina à venda. Se o carro estiver em movimento, pode ter qualquer cartaz desde que pague imposto de selo, parece-me. Agora tentar disfarçar com coisas parvas como 'procuro novo dono' ou 'troco por dinheiro' é idiota e a idiotice dá direito a multa.

20 outubro 2011

Da pressão

Não gosto quando estou num estacionamento e alguem vê que vou sair e fica ali à espera, a pressionar. Isto normalmente acontece em shoppings, quando há poucos lugares disponíveis. As pessoas vêem-me entrar no carro e decidem esperar que eu saia, para porem o carro delas no lugar onde estou. E então eu começo a sentir-me pressionada para sair. Mas eu não costumo ligar o carro e sair logo, mal entro no carro. Tenho de tirar o casaco, procurar o telemóvel na carteira, escolher um cd para ouvir na viagem, às vezes pentear-me e pôr baton, essas coisas todas que as gajas fazem antes de se fazerem à vida. E fico muito nervosa se estão pessoas à espera, a olhar para tudo o que faço, impacientes, ali como que a fazerem pressão para eu sair rápido. Assim sendo, é normal que eu, às vezes, faça de propósito para demorar mais tempo ainda, na esperança que as pessoas desistam e vão procurar outro lugar. Eu trabalho bem sob pressão, mas não num estacionamento, ok?

19 outubro 2011

Da preguiça

Não gosto de acordar cedo. Quem me segue, já deve saber que não sou uma morning person, mas isso é pouco para dizer o quanto odeio acordar cedo. Passei os meus (primeiros) tempos de estudante a faltar sistematicamente às aulas para dormir. Era chato não ir às aulas, mas era pior não dormir. Eu adoro dormir, é o meu passatempo preferido, e preciso de dormir pelo menos oito horas por dia, senão não funciono. Desde que comecei a trabalhar, começou a tortura. Não posso simplesmente decidir que hoje não vou trabalhar e continuar a dormir. Tenho mesmo de sair da cama, custe o  que custar. E todos os dias quando acordo penso 'Vou ter de acordar cedo todos os dias da minha vida até me reformar' e fico ainda mais triste. Desde que voltei a estudar de novo, a minha vida é um pesadelo. A seguir ao trabalho, vou para as aulas e só chego a casa perto da meia-noite e acabo por me deitar por volta da 1h. Nem tenho tempo para me coçar, quanto mais para dormir. Todos os dias é um sacrifício ainda maior sair da cama. Para me animar penso 'durmo muito no fim de semana para compensar!'. Depois chega sábado e domingo e acordo na mesma às 7h, como todos os outros dias e não consigo dormir mais. Damn!

18 outubro 2011

Da exclusividade

Não gosto que usem o mesmo perfume que eu. Facilmente se recorda alguém pelo cheiro do perfume (principalmente eu, que acho o olfacto um dos sentidos mais interessantes), é uma coisa muito pessoal e por isso gosto de ser a única a usá-lo. Ora bem, é óbvio que não paguei para fazerem um perfume exclusivamente para mim. A questão é escolher um perfume que eu saiba que as pessoas próximas de mim não usam. O que torna tudo muito difícil na hora de escolher. 'Ah gosto deste, mas a Raquel tem...', 'Este também cheira muito bem. Hmmm, usa a Diana.', 'Este também tem tudo a ver comigo. Oh, é o da Sara...' e ando nisto horas, até encontrar um que goste e que ninguém tenha. Odeio também quando me perguntam que perfume uso, porque penso logo que vão comprar igual. O meu perfume é um segredo muito bem guardado. Recentemente descobri um que gosto mesmo muito e que acho que ninguém usa, por isso vou usá-lo durante uns tempos, até enjoar. Mas foi uma odisseia chegar finalmente até ele.

17 outubro 2011

Da embirração

Não gosto da Scarlett Johansson. Sim, eu sei, é um cliché. Nenhuma mulher gosta dela e todos os homens a adoram. Não interessa, não gosto dela na mesma. Tem aquele arzinho de sonsa, de enjoada e sem sal. Não sei como podem gostar dela. Eu acho que é só por causa dos lábios, porque de resto ela não me parece nada de especial. E aquelas fotos dela que andam por aí, servem para provar isso mesmo, que ela é uma tipa vulgar, como qualquer outra. E depois há aquele problema que são os filmes. Odeio todas as personagens dela. Acho que ela é um caso tipo o Ashton Kutcher e o Morgan Freeman, que fazem sempre de si próprios. No caso deles, de burro e de velhinho sábio, respectivamente, no caso dela de gaja putéfia que rouba namorados e maridos. Sempre, em todos os filmes é a mesma coisa (Match Point, Vicky Cristina Barcelona, The Other Boleyn Girl, The Black Dahlia, Lost in Translation-é diferente mas é putéfia na mesma). Ela é o meu ódio de estimação, em termos de actrizes conhecidas de Hollywood. Tenho outros, mas não de forma tão intensa.

14 outubro 2011

Do tempo

Não gosto de Verão em Outubro (já que toda a gente fala do tempo, eu também tenho direito). Sim, é muito giro estar calor e tal, não tivemos Verão, mas quer dizer, já é Outubro, já deveria estar tempo típico de Outono, frio e alguma chuva. O calor já chateia. Ainda por cima, não é calor calor. Quer dizer, está calor de dia, muito calor, mas à noite já está frio, já é preciso andar com um casaco mais grosso. E eu estou cheia de saudades de todos os meus casacos lindos (ao contrário das restantes mulheres que têm a mania das carteiras/sapatos, eu tenho a mania dos casacos e tenho mais de 30). Estou farta deste tempo. Até me dá pena ver o senhor das castanhas assadas à beira da praia sem ninguém a quem as vender, enquanto as pessoas comem gelados. S. Pedro, se me ouves, por favor, traz o Outono de volta como o conhecemos.

13 outubro 2011

Da pequenez

Não gosto da palavra 'tugas'. Acho horrível. Nós não somos tugas, somos portugueses. Para mim, tugas são portugueses tacanhos, pequeninos, com a mania que são espertos e melhores que os outros. Tugas são os tipos que andam de Seat Ibiza rebaixado e boné pousado na cabeça que sobrevivem de subsídios, são os senhores com pança e a unha do dedo mindinho comprida, são o casal que vai ao shopping de fato de treino kispo ao domingo, são os xicos espertos que têm empresas e fogem aos impostos e os filhos ainda recebem a totalidade da bolsa na escola. Mas portugueses são os que trabalham 8 horas por dia e pagam os seus impostos escrupulosamente, são os que esperam horas na fila das finanças para deixar lá quase metade do que receberam a recibos verdes, são os que se comovem com um sem-abrigo e lhe pagam uma refeição, são os que guardam o lixo no bolso até encontrarem um caixote em vez de deitar para o chão. Estou farta de tugas. É preciso que todos sejamos Portugueses.

12 outubro 2011

Da gramática

Não gosto do uso excessivo de apóstrofos. Por alguma razão, toda a gente usa o apóstrofo para construir o plural de palavras do inglês, originalmente. Por exemplo, CD. O que as pessoas costumam fazer é escrever CD's. Está mal, deveria ser CDs. Porque o inglês, à semelhança do português, constrói o plural com um <s> apenas. Lá por as palavras não serem portuguesas, não precisamos de pôr apóstrofos a torto e direito. O apóstrofo e <s> no inglês serve para construir o possessivo, por exemplo "Maria's book", ou seja, o livro da Maria. Assim, dizermos CD's ou SME's ou outsourcing's está errado e não é plural em língua nenhuma.

11 outubro 2011

Da impossibilidade

Não gosto de usar aparelho ortodôntico. Pus isto há uns dias e a minha vida tem sido um inferno desde então. Não é por me doer, propriamente. Ou pelo aspecto, isso não me incomoda. Até porque é só no maxilar inferior e não se nota nada. E também quando somos adultos já não faz muito sentido preocuparmo-nos com isso, até porque ninguém goza connsoco. E daqui a um ano vou ter dentes perfeitos. O problema é a comida. Não consigo comer sólidos. Nada. Ando a sopa e a iogurtes líquidos quase há uma semana. E logo eu que adoro comer. Só consigo pensar em comida. Estou no trabalho e as pessoas vão comer francesinhas e eu não posso... Vou para a faculdade e só cheira a comida nos corredores, o que ainda piora mais o meu sofrimento. A única coisa que me consola é que ao menos emagreço. Mas mesmo isso não é consolo suficiente. Queria tanto comer qualquer coisa...

10 outubro 2011

Da esquisitice

Não gosto de picanha. Toda a gente gosta de picanha, eu sei. Mas eu não. Não gosto de picanha, nem de farofa, nem de feijão preto nem dessas coisas todas que se comem nesses restaurantes brasileiros. Eu olho para aquilo e só vejo um bocado de carne cheio de sangue. E uma espécie de pão ralado à mistura. Carne crua com pão ralado. O que não ajuda nada quando alguém me convida para ir jantar a um desses restaurantes, onde já sei que vou pagar imenso para comer arroz e batatas. Por isso, não vale a pena nem convidarem. Ah, e também não gosto da cara de admiração que fazem quando digo que não gosto de picanha. É só comida, não é assim uma surpresa tão grande alguém não gostar, certo?

07 outubro 2011

Da limitação

Não gosto de pessoas burras. Não tenho paciência. Mas o que são pessoas burras? A definição é complicada. Para mim, pessoas burras não são propriamente pessoas que não sabem. Se calhar essas não sabem porque nunca tiveram possibilidade de aprender. Pessoas burras são pessoas às quais podemos explicar uma coisa duas, três, vinte vezes que não vão perceber. Eu não sou nada paciente, é verdade. Nunca na vida poderia ser professora. Uma vez tentei dar explicações. Desisti ao fim de três semanas, estava a dar em doida. Os putos não percebiam, por mais que explicasse. Não sei se eram burros, ou se era eu que estava a exigir demasiado deles. Mas se a matéria estava no programa, supostamente eles deveriam ter capacidades para a entender, certo? Mas não estou a falar só de crianças, aliás, estou referir-me especialmente aos adultos. Posso estar a ser demasiado dura, mas simplesmente não consigo lidar com pessoas assim. Às tantas o problema é meu, peco pela impaciência em (muito!) excesso.

06 outubro 2011

Da crença

Não gosto daquelas pessoas que acreditam em coisas estranhas. Um colega meu, que eu até tinha em boa consideração, disse-me que se fica com diabetes não por comer muitos doces, mas por não se ter horas para comer. Ri-me na cara dele, claro. Se fosse por isso, 90% da população tinha diabetes. Gosto também daquela crença das nossas avós que dizem que as mulheres não podem comer lulas quando estão com o período. Ou que cortar o cabelo ou unhas quando a lua está em quarto crescente fá-los crescer mais rápido. É um tipo de conhecimento empírico engraçado, mas inútil, parece-me. Na era tecnológica que vivemos, acho que já não faz sentido existirem pessoas que acreditam neste tipo de coisas. E pessoas novas, com acesso à informação na ponta dos dedos. Eu ouvi dizer que cresce o nariz às pessoas que espalham falsos boatos.

04 outubro 2011

Do incómodo

Não gosto de pessoas que ressonam. Eu ressono. Será que isto quer dizer que não gosto de mim? Não sei, mas é mesmo irritante. Já cheguei a acordar com o barulho quando adormecia na praia e comecei a ressonar. A vergonha. É muito chato. Mas não há muito que possa fazer, acho eu. Se estou a dormir sozinha, óptimo, não chateio ninguém. Se estou acompanhada, tento adormecer de lado; barriga para cima é a posição mais perigosa por isso evito. Alguém já experimentou aqueles adesivos para o nariz e sabe se resultam?

03 outubro 2011

Da publicidade

Não gosto quando as pessoas vão a eventos que dão aquelas pulseiras para entrarem e sairem quando quiserem e, depois do evento acabar, andam com aquilo mais um ou dois meses. Normalmente estas pulseiras são usadas em festivais, hotéis, conferências e outros que tais. É uma boa ideia, claramente, dar a pulseira às pessoas, para facilitar as entradas e saídas. Só não é boa ideia usar aquilo como acessório de moda nos três meses seguintes. É ver as pessoas em Setembro ainda com pulseiras do Super Bock. Pessoas, se gostam de usar pulseiras, podem sempre comprar pulseiras a sério, que não são assim tão caras e ficam bem mais bonitas no pulso. Mas deitem essas fora, ok? Já toda a gente sabe que foram de férias para as Caraíbas.
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